MATAR
Aprendo muito cedo
a arte de matar.
A formiga se presta
a meu aprendizado.
Tão simples, triturá-la
no trêmulo caminho.
Agora duas. Três.
Milhares de formigas
morrendo, ressuscitam
para morrer de novo
no ofício a ser cumprido.
Intercepto o carreiro,
esmago o formigueiro,
instauro, deus, o pânico,
e sem fervor agrícola,
sem divertir-me, seco,
exercito o poder
de sumário extermínio,
até que a ferroada
na perna me revolta
contra o iníquo protesto
da que não quis morrer
ou cobra sua morte
ferindo a divindade.A dor insuportávelfaz-me esquecer o ritoda vingança devidajá nem me acode o inventode supermortes paraimolar ao infinitoimoladas formigas.Qual outra pena, máxima,poderia infligir-lhes,se eu mesmo peno e pulonesse queimar danado?Um deus infante chorasua impotência. Choraa traição da formigaà sorte das formigastraçada pelos deuses.
Carlos Drummond de Andrade, Boitempo II, Menino Antigo
meus amores e as formigas destinos entrelaçados em amor e tortura!!! hehe
ResponderExcluirjulilys... alguem ja te contou q vc eh um pouco morbida? ahahahaha
ResponderExcluirbjos