Eu estava ali sem nenhum plano imediato quando vi os dois
homenzinhos verdes correndo sobre o tapete. Um deles retirou do bolso um
minúsculo lenço e passou-o na testa. Pensei então que o lenço era feito de
finíssimos fios e que eles deviam ser hábeis tecelões. Ao mesmo tempo, lembrei
também que necessitava de uma longa veste:uma muito longa veste
provavelmente azul. Não foi difícil subjugá-los e obrigá-los a tecerem para mim.
Trouxeram suas famílias e levaram milênios nesse trabalho. Catástrofes
incríveis: emaranhavam-se nos fios, sufocavam no meio do pano, as agulhas os
apunhalavam. Inúmeras gerações se sucederam. Nascendo, tecendo e morrendo.
Enquanto isso, minha mão direita pousava ameaçadora sobre suas cabeças.
Caio Fernando Abreu
me escapou!! rsrs
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